Desmistificando Aquecedores: Queima de Oxigênio e Outras Dúvidas | Harpyja
Ao primeiro sinal do frio do inverno há uma grande busca por aquecedores, e junto com a busca, uma grande onda de perguntas. consumo de energia, segurança, qual aquecedor escolher… todas são perguntas feitas diversas vezes, mas nenhuma aparece mais vezes que as principais: É verdade que aquecedor queima oxigênio? Que derruba a umidade?
Muita informação equivocada aparece sobre esse assunto que tanto importa como assusta. Tendo lidado com mais de uma dezena de aquecedores diferentes, viemos explicar os motivos e tirar suas dúvidas.
Por que consumiria oxigênio?
É importante entender de onde vem essa ideia de queima de oxigênio. No passado, a forma mais fácil de se aquecer era com fogo. Até pequenos braseiros eram colocados nas camas para espantar o frio, e a associação foi feita.
Como regra geral: onde tem fogo, tem queima. Para combustão ocorrer você precisa de um combustível (lenha, carvão, papel…) e oxigênio. Nessa relação, tanto o combustível é consumido, e se transforma em outras coisas, quanto o oxigênio. Entre outros resultados, gás carbônico e monóxido de carbono são os mais lembrados da queima, pois sufocam.
Quando inspiramos esses gases, eles tomam a preferência do oxigênio e acabam sendo levados para o resto do nosso corpo quando na verdade precisamos colocá-los para fora. Como o corpo não está recebendo oxigênio, temos a sensação de sufoco.
Mas o aquecedor, queima oxigênio?
Sendo simplista, não. Não queima. Não de forma direta ao menos. O método que os aquecedores elétricos usam para aquecer não envolve queima.
Sejam Termoventiladores, Aquecedores Halógenos, Cerâmicos ou a Óleo, nenhum deles se aproveita da combustão para gerar calor. O processo envolve resistências, assim como o chuveiro.
Ligando uma resistência na tomada, temos uma corrente elétrica que passa por ela. Se você esfrega uma mão na outra, a fricção gera calor. Da mesma forma, ao ligar uma resistência na tomada, ela está constantemente em atrito com a corrente elétrica. Esse “atrito” gera calor suficiente para aquecer a resistência e o ambiente.
É um processo que não altera a composição do ar, nem da resistência. Ao final do processo eles ainda são as mesmas coisas que eram antes. Diferente da combustão: onde o oxigênio vira gás carbônico, por exemplo.
Se somente usar resistência realmente consumisse oxigênio, você morreria sufocado no chuveiro ou ao assar um bolo no forno elétrico, que usam o mesmo princípio para aquecer.
Mas não queima nada?
Apesar da resistência em si não consumir oxigênio, algo que encoste diretamente nela pode se queimar, e essa queima consome oxigênio. Isso acontece com fios de cabelo, e grãos de poeira, principalmente.
Essa condição é perceptível quando o aquecedor está sem uso por um tempo. Pó acumula sobre a resistência e queima assim que ela aquece. Aqui é comum vir um cheiro de algo queimado por alguns segundos. Logo após essa primeira “queima” não há mais nada sobre a resistência. O que sobra será a queima na passagem de poeira suspensa, mas essa é uma quantidade baixíssima para gerar qualquer preocupação.
Até mesmo se o aposento estiver sujo, com mais poeira do que o normal, não há queima significativa.
Cuidado com Aquecedores Halógenos
Se o que você tiver em casa são aquecedores halógenos, vale a pena tomar cuidado. Isso porque seu papel é pontual: aquecendo objetos específicos, não a sala toda. Ele é capaz de entregar grandes quantidades de calor, mas a uma faixa específica.
Por conta do direcionamento de grandes quantidades de calor, evite deixá-lo apontado para cortinas ou cobrí-lo. Em questão de segundos, ele já é capaz de queimar tecidos se caírem em cima dele. O risco é real, não aponte para tecidos ou materiais sensíveis a calor.
Sempre use a certa distância de onde estará apontando para ter uma sensação agradável. Por sinal, já escrevemos uma matéria mais completa sobre cuidados com os halógenos.
E Aquecedores a Óleo, queimam o óleo?
Aquecedores a óleo não queimam e não consomem óleo. Por isso não é preciso abastecer ou trocar o óleo em nenhum momento. Nesses produtos, a resistência fica mergulhada no óleo que é aquecido dentro de um radiador lacrado. É esse radiador quente que troca calor com o ambiente. O óleo em si somente esquenta e esfria ali dentro, mais nada.
Há várias razões técnicas para utilizarem o óleo dentro desses aquecedores, mas o que mais importa para nós consumidores é que é um líquido com boa retenção de calor, e assim entregam um aquecimento mais controlado, com menos flutuação de temperatura.
O lado negativo é que demoram para esquentar e até quando estão quentes, não transferem calor rapidamente para o ambiente. A melhor alternativa para isso são os termoventiladores. Se quiser saber mais sobre o funcionamentos dos aquecedores a óleo, temos uma matéria para você.
E a história de que aquecedor seca o ar, é verdade?
Um efeito que com certeza irá acontecer é a diminuição na umidade relativa do ambiente. Na verdade isto sempre ocorre quando o ambiente esquenta. Seja por causa de um aquecedor elétrico, fogueira, Sol ou qualquer outro. O motivo é bem simples de entender.
Misturado ao ar temos vapor de água, é o que chamamos de umidade. Quão mais quente estiver o ar, mais vapor de água ele é capaz de suportar. Assim como o leite, que consegue misturar mais achocolatado quando quente do que quando frio.
A questão é que a umidade relativa é medida em porcentagem. Pense que o ar de uma sala suporta 100 litros. Se ele tiver 75L misturado a ele, está com 75% de umidade. Se de repente a sala esquentar e o ar da sala suportar 150L, os mesmos 75L de água que a sala já tinha só vão equivaler a 50% de umidade.
A quantidade de água no ambiente continuou a mesma, mas fornecendo calor ele passa a suportar mais umidade. Como não adicionamos mais água pro ambiente, a umidade relativa (porcentagem) cai.
Veja um exemplo no gráfico a seguir. A sala fechada não perdeu nem ganhou água, mas o aumento da temperatura causou uma queda na umidade relativa. Quando a temperatura voltou a baixar, a umidade subiu.
Umidade relativa é muito importante para o nosso conforto e respiração, então uma queda é percebida pelos nossos narizes (por mais que muitas vezes passe batido por nós). Se você está tendo problemas com umidade, considere adquirir um umidificador, a maioria dos modelos são de baixo custo e conseguem aumentar rapidamente a umidade do ambiente.
Se você optar pelo caminho do umidificador, preste atenção no ambiente. Assim que a temperatura da sala baixar novamente, a umidade vai lá para cima e toda a água que não é suportada pelo ar vai condensar nas paredes. Se não prestar atenção, vai ficar parecendo o banheiro depois de um banho quente: paredes e teto molhado e aquela névoa.
Se chegou até aqui e está pensando em adquirir um aquecedor, deixo de recomendação nossas avaliações imparciais de termoventiladores e aquecedores cerâmicos ou halógenos. Se estiver considerando qual modelo adquirir, dê uma olhada em outras matérias nossas sobre consumo de energia, e como escolher o seu aquecedor.
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