Avaliação
Desempenho
Design e construção
Usabilidade
Limpeza
Som
Outros Pontos
Pontos fortes
Pontos fracos
Tem produtos que geram uma percepção de qualidade simplesmente através do design. É o caso deste projetor a laser da Nothing Projector. Até mesmo dentro da caixa o projetor Formovie S5 chamou a atenção. Tirando da caixa, transmitiu ainda mais empolgação para validar se a entrega era condizente à energia gasta no visual.
A Formovie é parceira da Nothing Projector, uma empresa chinesa que está com um site exclusivo em português de seus produtos e de seus parceiros com entregas rápidas no Brasil.
A Formovie foi capaz de explorar curvas, texturas e materiais diferentes em uma unidade compacta e discreta. O projetor quadrado mede 17,4 centímetros de largura e profundidade, e somente 5 centímetros de altura! Cabe em qualquer mochila pequena.
Essa unidade é uma mistura de grafite com preto. No topo, a parte frontal é de plástico rígido com textura aveludada ou levemente emborrachada. O resto do topo é coberto por um tecido bem esticado que acompanha as curvas laterais. A estética é impecável e o tecido traz um efeito visual agradável para a unidade.
A área frontal é composta por uma chapa acrílica de cantos arredondados. Na área da projeção foi adicionada uma borda metálica ao redor da lente vítrica. Essas três peças foram tão bem unidas que parecem uma peça única!
A região inferior é uma base quadrada toda emborrachada. Ao redor da borracha fizeram um estrutura de nervuras abertas para permitir o resfriamento dos componentes internos. Ideia inteligente, permite uma grande área de ventilação sem deixar o interior exposto.
Na traseira ficam as entradas e saídas. Até mesmo nessa área mais escondida fizeram um design diferenciado usando duas texturas e cores no espaço. Na região temos:
Apesar da conexão ser USB-C, não é possível ligar a unidade em qualquer fonte de celular. Junto com o projetor vem uma fonte bivolt para ele. Agora, caso queira usá-la como fonte para celular, atende e muito bem!
A unidade é muito prática para ser transportada, não somente pelo tamanho do produto, mas também por ser fácil desconectar o cabo de alimentação. Sua tem um bom tamanho, com um metro e cinquenta. Infelizmente o plug que vem nele é padrão americano então será necessário comprar um adaptador.
Assim que é conectada a fonte, a escrita “FORMOVIE” no topo do produto será iluminada. Serve como um indicativo que o produto foi conectado com sucesso na tomada.
Quando o botão para ligar é apertado, a escrita acende com intensidade alta, mas o LED volta à baixa intensidade assim que o sistema operacional carrega. É uma preocupação importante para aqueles que querem deixar o espaço mais escuro o possível quando usando o projetor.
Este projetor Formovie não tem ajuste de ângulo ao projetar. Será necessário usar alguns calços para corrigir ou usar a rosca inferior que permite acoplar o projetor em um tripé.
O sistema operacional carrega com rapidez. Em torno de 15 segundos já estará pronto para trabalhar. A Nothing Projector trabalha com um sistema operacional Android versão 9.0, e por cima dele roda o FengOS.
É um sistema operacional estranho, com uma interface chamada de GiTV e apresentado inteiro em Mandarim (ideogramas chineses). É possível mudar a língua, mas serve somente para o menu de configuração principal, toda a apresentação da GiTV continuará com os ideogramas.
Seguindo as instruções que vieram junto ao produto, é necessário instalar um outro programa, o Projectivity Launcher. Esse é em inglês e a interface é mais parecida com os que vimos em outros projetores já testados, como o Thundeal e o Bettdow. Através dele é permitido baixar aplicativos como Netflix e Youtube.
Para quem não for usar o software em Mandarim, o GiTV é inútil. Porém, na maioria das vezes será necessário passar pela tela para acessar as configurações ou outro recurso.
Um exemplo de incômodo é chegar nas configurações. No controle há um botão exclusivo de acesso, porém não funciona quando se está usando a entrada HDMI. Nessa condição, que é bem comum, é preciso apertar o botão da “Home” que te leva para o GiTV e então acessar as configurações.
A navegação interna para várias ações é ruim, exigindo passar por várias telas. Seria interessantes se funções que são exigidas com frequência, como Ajuste de Trapézio, fossem mais fáceis de acessar. No geral, a navegabilidade deixa a desejar.
Mesmo o aplicativo em inglês é meio bagunçado. Se quiser baixar a Netflix, há dois aplicativos sendo que um não funciona e o outro exige um mouse para clicar nos botões.
A vantagem é que conectando um mouse na entrada USB, é possível ter um cursor navegável na tela! Para muitos isso pode ser um diferencial interessante.
A conexão WiFi é facilmente configurável e possível usar em redes 2.4 ou 5GHz. Também é possível se conectar ao projetor via Bluetooth.
Algo extra que implementaram usando a conexão Bluetooth é o “Speaker Mode” que permite usar o projetor como uma caixa de som Bluetooth. Fizemos o teste e foi uma experiência agradável. É necessário usar a tela para navegar e entrar no “Bluetooth Speaker Mode”, mas depois disso é possível desligar a tela.
No controle remoto há um botão de “microfone”. Assim que apertado te envia direto para um menu chinês, e sem a compreensão de ideogramas vai ficar difícil fazer qualquer coisa ali. Entretanto, se você conseguir chegar em alguma tela que permita usar o microfone, realmente há um microfone no controle remoto que funciona bem.
Por sinal, o controle remoto tem um ponto muito positivo, ele funciona via Bluetooth. É uma comunicação consideravelmente superior ao típico infravermelho usado na maioria dos controles. Não precisa apontar o controle para a tela e funciona até mesmo estando em outro cômodo próximo.
O projetor Formovie possui Ajuste automático de Foco e de Trapézio. O foco automático é muito bom, porém o ajuste de trapézio deixa a desejar. Seja de perto ou longe, o ajuste automático não entregou uma imagem retangular. Sempre ficava fora de esquadro.
Devido a essa deficiência a Nothing Projector poderia ter deixado o caminho encurtado para o Ajuste de Trapézio ser feito manualmente. Infelizmente tem que percorrer algumas telas para chegar na opção, o que vai incomodar quem move o projetor com frequência.
Se a sua ideia é usar o projetor sempre mais ou menos no mesmo lugar, recomendo desabilitar o ajuste automático de trapézio nas configurações. Na maioria das vezes a melhor opção é ajustar manualmente.
É possível projetar a imagem de diversas orientações para facilitar a montagem e apresentação da tela. Pode-se montar o projetor de ponta cabeça no teto, e espelhar a tela verticalmente e/ou horizontalmente.
Nos testes que realizamos com o projetor angulado para cima, foi possível compensar a imagem com até 15° sem deformação considerável.
Aqui é onde o produto da Nothing Projector chamou muito a atenção. Fizemos testes colocando o produto em uma distância mínima da parede e foi possível focar a imagem com menos de 20 centímetros da parede!
Nessa condição a tela parecia um tablet pequeno com 16cm de largura (tela de 7,3 polegadas) e uma intensidade de luz impressionante! Nessas condições, a luz refletida na parede branca era tão intensa que ficou difícil de olhar.
Buscando a distância máxima de projeção, chegamos a esgotar o espaço da Harpyja e não foi possível desfocar a imagem. Nessa condição a tela era algo absurdamente grande, com mais de 6 metros de largura, totalizando 272 polegadas e com capacidade para ser maior!
Claro que nessas condições os pixels já estão com 5mm e a resolução fica comprometida. Assim mesmo, se for assistir a uns 8 metros de distância, impressiona.
Considerando a distância ideal para termos as leituras e linhas bem definidas, podemos dizer que a uma projeção de 80 polegadas se mantém nítida. Assim mesmo, é possível usar uma tela de até 140 polegadas para uma ótima sala de cinema!
Algo interessante deste projetor é que ele proporciona uma tela grande sem exigir muita distância. Comparado com outros já testados até o momento, o Nothing Projector proporciona tela em torno de 20% maior colocando os três projetores na mesma distância da parede.
O Espelhamento de Tela funcionou no iPhone, mas não foi possível encontrar o projetor em celulares Android. Alguns dos projetores já testados tiveram comportamento similar, mas normalmente é possível conectar com ambos sistemas operacionais. Pelo menos no iPhone o resultado do espelhamento foi ótimo. A comunicação é rápida e quando a tela é virada a imagem acompanha sem deformação.
Mesmo tendo a possibilidade de se fazer uma tela de 300 polegadas, quanto mais distante o projetor está da parede, menos brilho se tem na imagem.
Nos testes de brilho o Nothing Projector tem um brilho máximo abaixo dos projetores de LED que testamos no passado. Assim mesmo, sua projeção é uniforme, com variação máxima de brilho de somente 12%. Nos projetores de LED isso é bem diferente, com perdas grandes nos cantos. O melhor que testamos de LED ainda tem perda acima de 30%!
Sendo assim, usando este projetor com uma tela em torno de 80 a 100 polegadas o brilho ficará interessante. Telas maiores podem diminuir a luminosidade num ambiente bem iluminado. O contraste do conjunto é razoável, em torno de 800:1.
Na questão da fidelidade de cor, o Formovie ficou melhor que a maioria. Somente perde para o Progaga. Assim mesmo sua maior defasagem foi na cor azul, onde todos os projetores penam mais.
Algo que também chamou a atenção neste projetor foi a qualidade do foco na imagem como um todo. Grande parte dos projetores tem desfoque chegando próximo dos cantos da imagem e aqui isso não aconteceu. O mesmo foco obtido no centro é obtido também nos cantos.
A Nothing Projector divulga que seu produto possui internamente o Denon Sound. A Denon é uma empresa japonesa renomada pelo desenvolvimento de tecnologia de áudio.
Pela entrega de áudio deste Nothing Projector dá para afirmar que foi um caminho interessante usar tecnologia Denon, pois a qualidade do som é superior a todos os outros que já testamos.
Não possui o mesmo volume no máximo, mas o brilho do áudio é agradável para assistir filmes, desde que não busque grandes reverberações de sons graves. A unidade basicamente não entrega quase nada de som abaixo de 100Hz. Parece uma estratégia mesmo, pois em análises de frequência do produto há um corte claro nos graves extremos.
O ruído do produto, ou a ausência dele, em funcionamento se destacou. É necessário fazer esforço para ouvir ele funcionando.
Não gerou sons acima de 33 dBA quando o produto está em funcionamento! Até mesmo o projetor Thundeal, que é o menos ruidoso que já testamos, ficou 6 dBA acima deste Nothing Projector.
Possivelmente a empresa consegue esse ruído baixo usando um sistema de “heat pipe” para resfriar o conjunto, exigindo assim ventiladores menores para a troca de calor. Olhando nas frestas debaixo do projetor é possível ver alguns desses tubos de cobre.
Algo importante para aqueles que buscam usar o projetor como tela para jogos, este projetor não é feito para isso. A latência de transmissão dele é gigante e com isso será um sofrimento jogar. De todos os projetores já testados, este é o que possui o maior delay, com 365 milissegundos.
De repente é até por isso que a Nothing Projector deu o nome deste modelo de “Formovie”. Espaçando as palavras e traduzindo quer dizer “para filme”.
No geral é uma unidade que vale cuidar para não riscar ou pingar algo no tecido. Dependendo do que cair ali irá manchar. Fora isso, a limpeza do produto é muito prática.
A lente é praticamente vedada e alinhada com o corpo, ou seja, um pano umido irá limpar por completo. Não apresentou áreas para acúmulo de pó na área interna da lente. É um grande benefício perante os diversos projetores LED que testamos.
A área de resfriamento possui frestas por baixo, o que evita o acúmulo e entrada de pó por gravidade. Também por trabalhar com resfriamento por tubos de cobre, acaba demandando menos fluxo de ar para resfriamento.
Tudo indica ser um projetor cujo acúmulo de pó não demandará manutenção por vários anos.
Analisando o projetor por completo fica claro o valor agregado que está contido no hardware. Seja pelo design, som, ruído, sistemas de resfriamento, limpeza, foco e homogeneidade de projeção. Ainda assim, acaba tendo menos brilho que os projetores LED já testados. Para entregar mais que isso somente aumentando a força do laser para projetar com maior brilho.
Faltou a Nothing Projector entregar uma interface melhor no software. As complicações com a língua e instalações estranhas poderiam ser evitadas. Além disso, se melhorarem a usabilidade do aplicativo e acesso rápido a funções básicas, trará um ganho grande para um produto com uma boa entrega de hardware.
