Pontos fortes
Pontos fracos
Após avaliarmos vários fogões e cooktops a gás, a Harpyja abrange mais uma categoria similar: os Cooktops de Indução. Iniciamos a categoria com este modelo de 5 bocas da EOS, o Cheff Gourmet. O nome vem de uma linha de produtos da marca, que conta com air fryer, coifa, chaleira elétrica, panela de pressão elétrica e alguns cooktops de indução. Ao todo são três bem parecidos: 5 bocas (avaliado aqui), com 4 bocas, e o individual de boca única.
A visível do cooktop (após instalado) é um vidro cerâmico preto e bem reflexivo, praticamente um espelho. Dá uma aparência simples com elegância , deixando sua marca no ambiente. São 52 cm de largura, por 77 cm de comprimento, com 4 milímetros de altura do vidro.
Por baixo da mesa, a história muda, e aparece uma mistura de metal e plástico para revestir a estrutura do cooktop, com direito a ventoinhas e demais.
A posição das bocas é a mesma de vários cooktops a gás: 1 par em cada extremidade lateral e o central. As bocas superior esquerda e inferior direita são as menores com 1500W, enquanto as outras três tem a potência de 2000W. Os números crus de potência são bem inferiores aos modelos a gás, porém a eficiência energética é bem diferente, vamos discutir mais em Desempenho.
Diferente do modelo de 4 bocas, estas diferenças não são representadas graficamente no cooktop pois o modelo de cinco bocas lida um pouco diferente com estas áreas (mais sobre isso adiante). A qualidade da escrita é boa e a cor é contrastante sem saltar demais aos olhos, mas infelizmente está totalmente em inglês. Optaram por fazer a impressão por cima do vidro, isso facilita o desgaste da tinta pelo atrito da panela. Não é algo que observamos até agora, porém sempre que é usado percebe-se a fricção.
O controle do cooktop é totalmente touch. Na primeira linha do painel está representada cada boca de acordo com a direção apontada pelo símbolo. Displays LEDs vermelhos à esquerda de cada marcação apontam nível de potência de cada boca. No começo pode ser um pouco confuso se o número correspondente é à direita ou à esquerda, mas se acostuma.
Para mudar o nível de alguma boca basta pressionar seu ícone e usar a escala que fica abaixo, é possível deslizar o dedo ou pressionar os botões em suas extremidades. São 10 níveis ao todo, do 1 ao 9 e o Turbo. Por algum motivo, a escala atua apenas entre os níveis 2 e 8; para chegar ao nível 9 ou 1 é necessário utilizar os botões. Desligar apenas uma boca também requer uso dos botões, diminuindo para o nível 1 e novamente para chegar a zero. Seria mais interessante se as bocas desligassem apenas ao segurar seu ícone, ao invés de precisar pressionar outro.
Além do básico, o cooktop da EOS conta com algumas funções:
Aumenta temporariamente a potência da boca selecionada para acima do nível 9, entregando mais energia à panela. Após 5 minutos, a potência retorna a um nível inferior. Uma boa opção se precisar ferver água rapidamente, por exemplo. Ao ligar a função, o display da boca mostrará a letra “P” maiúscula.
Nem todas as bocas podem ser usadas com a função Turbo ao mesmo tempo, existem divisões de zonas do cooktop onde algumas bocas devem permanecer em potência 5 ou abaixo. O manual explica essas limitações, porém além do difícil entendimento há erros nas imagens explicativas e nomenclaturas dúbias.
Ou “Zona Completa”, é uma opção que permite selecionar os pares de bocas laterais para funcionarem como uma única boca. É interessante para aquecer formas ou travessas e uma boa opção para manter pratos prontos aquecidos, já que permite regular a potência de 1 até Turbo. Nesta função pode-se usar panelas com diâmetro de 24 cm.
Esta função é específica para ser utilizada em conjunto com Full Zone. A potência da zona é definida como 2300W para, segundo o manual, fornecer uma temperatura adequada para grelhar. Não é possível ajustar o nível de potência nesta função. Ao ligar a função, as bocas que compõem a zona utilizada para o grill mostrarão as letras “b” e “q” minúsculas.
A função Stop - Go permite pausar (desligar temporariamente) o funcionamento das bocas. Pressionar novamente retorna as bocas na mesma potência onde foram pausadas. Considere que esta função pausa e reinicia em todas as bocas ao mesmo tempo. Ao ligar a função, as bocas serão desativadas e os displays mostrarão dois traços verticais “| |”.
A função timer pode ser utilizada somente como uma contagem regressiva, ou para desligar bocas em específico. O processo é praticamente idêntico, com a adição de pressionar a boca escolhida antes do timer se quiser que ela desligue.
É possível definir o timer para mais de uma boca, porém ele mostrará em seu display (acima do símbolo de relógio) apenas o tempo menor. É possível visualizar o tempo de outras bocas, mas reconfigurar a contagem de uma delas desliga o timer das outras e é preciso fazer o processo novamente do zero.
O timer tem 99 minutos de tempo máximo. Não é possível definir o tempo através da escala (como é feito com os níveis de potência) ao invés disso é necessário pressionar os botões nas extremidades para adicionar 1 minuto ou segurá-los para adicionar 10 min. Assim que é definido o tempo, se inicia a contagem regressiva e ao final do período é desligada a boca e emitido um aviso sonoro.
A função manter aquecido funciona apenas nas bocas individuais, é uma função interessante, variando a potência da boca e o intervalo de liga e desliga para manter a panela sempre em torno de 65°C. O monitoramento é feito através de um termômetro no interior do cooktop. Ao ligar a função, o display da boca mostrará a letra “A” maiúscula.
Segurar o ícone de cadeado por 3 segundos bloqueia o recebimento de comandos por outros botões além do de liga e desliga. Segurar novamente retorna o controle pleno do cooktop EOS.
Algo que surgiu durante o uso do cooktop é que o painel pode não responder ao usar o dedo na vertical. Pessoas diferentes tiveram resultados diferentes a respeito disso, e até variou com o botão que estava sendo apertado, mas para não ter erro use com o dedo deitado, pressionando com a digital completa.
Em questão de utilidade, as funções podem ser bem aproveitadas para facilitar situações distintas e comuns, porém o modelo peca no mais importante. A interface não é tão intuitiva e depende do usuário decorar o significado de letras, exclusividade de funções que só podem ser usadas em condições específicas, limitações no uso da escala (que deveria facilitar a configuração das funções) e combinações de botões.
A curva de aprendizado é mais longa e íngreme do que o necessário, e isso será suficiente para que a maioria dos usuários não compreenda e não utilize as capacidades totais do EOS Cheff Gourmet.
É possível usar todas as bocas juntas na potência máxima, porém quando usando alguma boca na potência turbo, as outras bocas serão limitadas. No manual a informação é extremamente confusa, mas pelo que vimos quando colocando uma boca no turbo, a zona onde a boca está "turbinada" limitará a outra boca para no máximo nível 5 de potência. Além disso, as outras bocas do cooktop só poderão ir até a potência 7 enquanto o conjunto estiver com uma boca no turbo.
São restrições para não exceder a potência máxima do conjunto que já é bem alta. Trabalhando com todas as bocas na potência 9 o cooktop consome quase 9.000W!
Quando fazemos comparações de um cooktop a gás e de indução, algumas diferenças ficam marcantes. A primeira é que a mudança no método de aquecimento produz resultados superiores pela eficiência das trocas de calor.
Se estivermos considerando uma panela com 2 litros de água, a menor boca na função Turbo é capaz de fervê-la em menos de 10 minutos, tempo similar às bocas de chama tripla (maiores dos conjuntos a gás). Considerando as bocas maiores, o tempo cai para 5 minutos, capaz de esquentar a uma taxa de 14°C por minuto.
O tempo é impressionante, mas também é a versatilidade do conjunto. Somente entre os níveis de potência 5 e 9 há de 55% a 65% de variação. O valor aumenta se considerarmos a função turbo, chegando a 73% na boca central.
A diferença se estende ainda mais para os níveis mais baixos. No nível 1 a água não chega a ultrapassar 48°C. Apesar de parecer situacional, os níveis baixos podem se provar excelentes para manter a temperatura de alimentos, preparar molhos sem borbulhar ou derreter com cautela alimentos sensíveis.
A potência das bocas sempre fica um pouco abaixo do indicado. As bocas de 2000 W, por exemplo, ficam próximas de 1800 W. Na função Turbo, a declaração de potências muda: 2600W para as maiores e 2000 W para as menores. Mesmo assim elas seguem registrando abaixo, observamos entre 2250 W e 2400 W nas bocas de maior potência.
Na função Turbo, as bocas ficam na potência máxima por todo o período, registrando 0,2 kWh pelo período de 5 minutos que fica ativada. O consumo dos outros níveis varia, considerando o aquecimento de uma panela com 2 litros de água, durante o período de 1 hora temos 1,8 kWh no nível 9; 0,68 kWh no nível 5. Com os níveis inferiores marcando consideravelmente menos.
Os cooktopos de indução possuem tipicamente o ruído contínuo do ventilador de resfriamento das bobinas, que funciona constantemente quando o produto está em funcionamento. Com esse EOS Cheff Gourmet sob uma bancada fechada o ruído marcou em torno de 45 dBA (abaixo até do barulho de fervimento da água).
Cooktops de indução tem como característica ruídos peculiares, um tanto agudo e “sintético” ou “metálico” em algumas situações. Não é nada muito ruidoso, somente fora do comum para aqueles acostumados com aquecimento a. O EOS Cheff Gourmet apresenta esse ruído pontualmente em duas situações.
O primeiro é durante a transição da função Turbo para a potência 9, apenas nas bocas de potência maior (2000W); onde houve ruídos com pico de 55 dBA.
O segundo é ao usar uma panela grande e centrada na função Full Zone. O ruído foi maior, atingindo o máximo de 62 dBA, porém desaparece quando a panela grande (de 24 cm de diâmetro) é deslocada em direção a uma das bocas. Considando que tirar a panela do centro durante Full Zone vai diminuir a eficiência da função, o ideal para esta funcionalidade é mesmo utilizar uma travessa metálica (que não produziu o mesmo ruído).
Apesar dos ruídos não serem altos em intensidade, a disparidade do som de funcionamento habitual do cooktop para o dessas situações é grande. Essa diferença em intensidade e a presença de tons agudos e incomuns dão a impressão de funcionamento anormal, mas é uma característica normal do produto.
No manual você encontra informações suficientes para a instalação, vale ler para absorver as dicas e entender seus motivos. Medidas do encaixe do cooktop, restrições do que pode ficar abaixo dele e outros pontos aparecem de forma clara. Também é indicado que a instalação seja feita por um técnico qualificado porque, principalmente, a parte elétrica demanda atenção, cautela e conhecimento especializado.
Este cooktop é um produto de alta potência, não seguindo as mesmas regras comuns de instalação residencial e uma pessoa sem as atribuições adequadas em eletricidade não possui permissão legal para realizar as conexões necessárias, a risco de perder a garantia do produto além de acidentes. O produto é bivolt e pode ser instalado em 220V ou 440V!
Procurar assistências técnicas autorizadas da EOS vale usar o site da empresa, onde é possível fazer a busca por produto e por CEP. Diferente de algumas empresas que enviam uma lista de assistências técnicas juntas ao manual, a EOS opta por não fazer. Usando o whatsapp da empresa no site, é demorado o retorno.
É importante ter em mente os limites das panelas que podem ser utilizadas. Cooktops de indução além de não aceitarem todo tipo de panela, possuem algumas restrições de diâmetro mínimo e máximo. O EOS Cheff Gourmet aceita panelas de 10 cm a 16 cm de diâmetro, porém aceita maiores na função Full Zone, até 24 cm.
O cabo de alimentação tem uma ligação bem peculiar para este cooktop de indução, mais outro motivo que se recomenda a instalação por profissional. Trata-se de um cabo de 102 centímetros e 5 vias, sendo 4 para alimentação e um para o aterramento. Sobre o aterramento, vale salientar que é muito importante que seja feito de maneira adequada, para a segurança tanto do produto quanto do usuário.
Outro ponto importante da segurança, cuidados com objetos metálicos e utensílios próximos às zonas de indução, pode ocorrer aquecimento destes objetos e sem o usuário perceber pode se queimar.
A temperatura nas áreas próximas às zonas de indução não foram altas, o interessante do cooktop de indução é exatamente isso: o calor fica apenas na região onde a panela é posicionada. Caso fique na dúvida, o painel mostrará “H” de hot (quente) ao identificar temperaturas elevadas.
O painel também é capaz de reconhecer e identificar caso a boca ligada esteja sem panela, e indica um símbolo representando a panela longe da boca. As arestas da mesa de vidro não são cortantes, e as pontas são arredondadas.
Por ser uma mesa de vidro, o cuidado com o manuseio de panelas e objetos sobre a mesa tem que ser dobrado, pois quedas e batidas podem danificar o vidro. O período de garantia deste produto é de 12 meses.
Um ponto positivo dos cooktops de indução é o fato de sua limpeza ser bem mais fácil do que os modelos a gás. A superfície lisa de vidro pode ser limpa com facilidade, e não conta com pontos de acúmulos.
Evite usar produtos de limpeza muito abrasivos, que danifiquem a escrita, e fazer a limpeza do cooktop ainda quente para reduzir choques térmicos.
No encaixe entre vidro e a base da mesa ou bancada, há uma fresta ali que pode acumular resíduo, principalmente ao derramar líquido.
Na parte inferior, existem os ventiladores que resfriam a placa, importante que estes ventiladores estejam limpos, mas a EOS não fala sobre a periodicidade da limpeza.
Este produto vem um um livrinho simples de receitas colorido. São sete receitas descritas, mas infelizmente não traz nada referenciando dicas de como prepará-las no cooktop. São somente receitas mesmo, sem sugestão de potência de fogo, uso de timer ou outra função.
O cooktop EOS Cheff Gourmett é um conjunto com pontos positivos de desempenho, segurança e versatilidade de uso, porém falta uma comunicação visual mais intuitiva para que o consumidor possa desfrutar dessas funcionalidades com mais facilidade. O manual também deixa a desejar e faz falta um guia rápido. Para aqueles que podem dimensionar um cabeamento robusto que suporte 9000W, este cooktop EOS pode ser uma opção interessante.