Pontos fortes
Pontos fracos
Desde quando começamos a procurar ferros de passar para avaliar, sabíamos que esse não iria passar batido. Com certeza você já viu ou teve esse clássico da Black+Decker, e há motivo para isso. Já fazem 66 anos que o VFA foi lançado, e o mesmo design se mantém desde 1987. São poucos os produtos que se mantêm assim por tantos anos, e esse modelo conseguiu se tornar um clássico. A própria marca tem ciência disso, e já inclui na caixa uma breve linha do tempo da unidade:
A silhueta traz uma pegada mais antiga, porém não só pelas décadas em que permanece nas prateleiras. Olhando os ferros modernos, o desenho do VFA é o que mais resgata os ferros de passar à brasa do passado.
O corpo é predominantemente uma mistura de três materiais: alumínio na chapa de aquecimento, aço cromado ao redor do corpo e um plástico rígido, que até parece baquelite, na empunhadura. É basicamente uma combinação de prata com preto, com detalhes na marcação em vermelho e branco.
O acabamento da unidade é bom, com ótimos encontros entre as peças. Ainda assim, não condiz totalmente com sua apresentação em imagens no varejo online. O cromado lustroso possui áreas quase foscas, o baquelite tem algumas manchas ao redor da empunhadura e peças como o seletor possuem rebarbas visíveis de longe. Essas áreas acabam transmitindo a imagem de um produto de qualidade inferior.
Abaixo da empunhadura há uma chapa metálica galvanizada, destoando do resto do corpo, coberta por um adesivo plástico com as indicações de utilização das temperaturas.
Há também uma versão ECO dele vendida na Amazon, onde a área cromada é escura. Tudo indica ser um modelo que está fora de linha, pois nem é citada no site da Black & Decker.
A empunhadura deste ferro é ergonômica. É uma peça que acompanha a anatomia das mãos, tendo até um local agradável para assentar o polegar. É um desenho simétrico, confortável para canhotos e destros.
É um ferro mais pesado que a maioria dos modelos a seco do mercado, com 817 gramas, incluindo o cabo. É um ponto positivo para aqueles que buscam um pouco mais de peso sobre a roupa sem precisar exercer uma pressão extra.
O tamanho em si do ferro não se distancia dos outros do mercado. Assim mesmo sua área de chapa é consideravelmente maior que vários modelos simples testados.
Em compensação, sua ponta não é tão pronunciada. Ainda é capaz de passar entre botões, mas não chega tão profundamente ou apresenta tanta liberdade.
A chapa de aquecimento de alumínio não possui antiaderente. Está em seu estado natural polida. Por um lado pode incomodar alguns, por ser algo que não desliza tanto quanto uma chapa cerâmica ou antiaderente, mas tem a vantagem de poder passar por manutenções com facilidade, como ser polida com palha de aço para remover riscos.
O ferro conta com borda poupa-botões, mas somente com marcações na ponta para isso. Seria interessante que as marcações continuassem por toda a borda, pois em outros pontos os botões são empurrados contra a costura, ao invés de serem levantados. Mesmo assim, o VFA não sobe por cima dos botões.
Na frente da empunhadura está posicionado o seletor, em posição mais acessível que embaixo da empunhadura (como muitos outros ferros fazem). Ajuda principalmente a alterar a temperatura com a mesma mão que empunha o ferro. São 7 posições marcadas, porém há posições intermediárias entre os números. Comparando com os modelos de ferros que usam uma roda de seletor, perde-se nuance; mas não afeta a liberdade de escolha de temperatura. Cada uma das temperaturas é correspondida a alguns tecidos, descritas no adesivo.
A variação de temperatura encontrada neste ferro da Black+Decker é altíssima. As opções de temperatura atingem 31°C de mínimo, a 168°C de máximo. São temperaturas médias da chapa interessantes, mas levanta o questionamento se realmente é necessário temperaturas mínimas tão baixas. O ferro também se beneficiaria de temperaturas mais altas.
As correlações entre opções de temperatura e tecido são várias, com muitos até incomuns no vestiário cotidiano. Restringindo a análise a tecidos usuais como algodão, poliéster e linho; a maioria se encontra em temperaturas mais baixas que o necessário, algumas realmente bem mais baixas. Se por um lado ao seguir a tabela não correrá o risco de danificar suas roupas, por outro pode aumentar o tempo que demora para passar suas peças. Se preferir seguir a sugestão da Harpyja para os tecidos mais comuns, segue a tabela abaixo.
A precisão de temperatura do VFA é bem próxima de outros ferros a seco mais baratos que avaliamos recentemente. A diferença entre os picos máximos e mínimos de temperatura alcançados pela chapa fica na média, com 18°C.
A distribuição do calor na chapa conseguiu resultados melhores que o Mondial FSN-55 (também de alumínio polido), e se manteve próximo dos outros. A área mais quente da chapa fica acima da altura do seu dedo indicador. Abaixo disso, principalmente em opções mais quentes, a temperatura da chapa cai e se torna pouco eficaz.
Apesar de mediano, esses resultados seriam mais interessantes se apontassem um controle mais preciso. Possibilitando atingir temperaturas mais altas sem o perigo de danificar tecidos.
Um ponto principal que se mostrou superior a outros ferros a seco foi na capacidade de tirar amassados e vincos. A base de alumínio é mais áspera que as com antiaderentes, mas não se mostrou um problema para deslizar. O peso também ajudou a trabalhar com o tecido, e o VFA alcançou resultados significativamente superiores aos ferros mais simples.
Durante o aquecimento inicial os ferros costumam atingir um primeiro pico mais alto de temperatura e depois esfriam, ligando e desligando a resistência para manter a temperatura selecionada; o VFA apresentou outro comportamento. Sua chapa esquenta, e começa a ciclar a resistência, porém somente após alguns picos atinge a temperatura selecionada. É uma estratégia que impede dano aos tecidos, porém leva mais tempo para esquentar. Pode-se usar o ferro a partir de 90s, em par com outros modelos, mas a temperatura desejada pode demorar até 4 minutos a mais para estabilizar.
Além de esquentar mais devagar, o Black+Decker demora mais para esfriar. Lado a lado com ferros mais simples, o VFA pode demorar até mais que o dobro para atingir temperaturas mais seguras. Demorando cerca de 15 minutos para partir de 135°C e atingir 60°C.
O peso mais avantajado deste ferro impacta também no seu consumo de energia. Abrindo uma vantagem de 30% sobre o Agratto Facile, que mais consumia antes dele. Definimos o consumo na temperatura máxima em 328 Wh, refletindo um aumento de R$0,24 na conta de luz por hora de uso (tarifa de Curitiba dez-2023).
Infelizmente este modelo não possui indicador de funcionamento. Não é possível saber quando a resistência está ligada ou desligada.
Durante o uso as temperaturas do corpo estão ligeiramente acima da média. As regiões mais quentes são as laterais, variando de 90°C a 115°C quanto mais perto da ponta. Assim mesmo o pegador permanece frio. As temperaturas em torno do pegador podem atingir 40°C por conta da chapa metálica abaixo.
O cabo de alimentação poderia ser ao menos 15 centímetros maior para conferir mais liberdade, totaliza 134 cm de extensão. A folga do cabo tem boa mobilidade, é do tipo chamado de 360°. Lembre que o corpo é primariamente metálico, por isso é importante conectar apenas em tomadas com aterramento. Se por acaso não houver o terra, é possível que leve algum choque. Não é algo perigoso, mas pode haver uma sensação de beliscada.
A estabilidade do ferro em pé é boa. Em alguns casos a posição do cabo deixa a parte debaixo da empunhadura levemente suspensa, mas não houve perigo considerável de queda.
A Black+Decker oferece 2 anos de garantia no VFA, o dobro do que se costuma encontrar em ferros.
O Black+Decker VFA traz aspectos positivos combinados com algumas questões que precisam ser consideradas pelo consumidor. A variação de temperatura, empunhadura e desempenho com tecidos agrada, mas o tamanho do cabo, tempo para resfriar e consumo nem tanto. Ainda há questões de preferência, como o peso, mas não é à toa que o modelo segue à venda após tantos anos.
