A Explosão de Cápsulas de Espresso e a Nova Geração de Cafeteiras | Harpyja

O Brasil é um país que adora café, e em nome da praticidade muitos optam pelas máquinas de cápsula como forma de tomarem o seu espresso todas as manhãs. Durante os mais de 20 anos de existência dessas cafeteiras de cápsulas, a Nespresso atuou quase como o único nome do setor. Porém recentemente o mercado testemunhou uma grande mudança em disponibilidade e preço.

Por que só agora?

A razão por trás dessa explosão de opções é a expiração de patentes que, por muitos anos, concedeu à Nespresso exclusividade sobre suas famosas cápsulas. Com o término desse período, marcas como L'Or, Melitta, Orfeu, Pilão… passaram a oferecer produtos compatíveis, disponibilizando cápsulas a preços consideravelmente menores. A produção de cápsulas compatíveis traz uma enorme variedade de opções para o consumidor, e desafia a posição privilegiada da Nestlé.

A preocupação é fundamentada no real negócio da marca, que não é a venda de cafeteiras, mas sim de cápsulas. Antes da expiração de sua patente, através da venda de uma cafeteira a Nestlé (através da linha gourmet Nespresso ou Nescafé, mais comum no varejo) iniciava no cliente a necessidade de comprar um suprimento de cápsulas. A recorrência na compra de cápsulas gera uma previsibilidade financeira vantajosa para a marca, consolidando um fluxo de caixa estável.

A Nova Geração

Para se adaptar às mudanças no mercado e garantir exclusividade e relevância, a Nespresso renova sua estratégia de patentes, criando uma nova linha de cápsulas e duas cafeteiras: a Vertuo Pop e a Vertuo Next. Diferentemente das máquinas tradicionais, que operam principalmente sob pressão, a Vertuo introduz a tecnologia Centrifusion. O processo de extração de café se adequa para realizar a extração através da infusão e centrifugação da cápsula.

Essa nova linha acompanha cápsulas de tamanhos variados para diferentes tipos de café, de 40ml a 535ml. Cada cápsula contém um código de barras específico que é lido pela máquina e a instrui sobre a melhor maneira de preparar aquele café. Claro que para isso apenas as cápsulas da patente nova são compatíveis. Não deixa de ser uma jogada estratégica para restabelecer o ciclo de fidelidade à marca.

Já a partir do lançamento, a Nespresso adotou estratégias assertivas na venda da Vertuo. Uma das ações mais impactantes foi a oferta promocional durante a Semana do Consumidor, onde a máquina era ofertada por R$320. Este valor, considerando o bônus de R$200 concedido para a compra de cápsulas exclusivas, atingiu o valor final de R$120 para a máquina. O valor de entrada é bem convidativo.

A estratégia evidencia um esforço deliberado para garantir fidelidade por meio de um sistema de café patenteado e, por natureza, restrito. No fim, o modelo de negócios é uma troca feita pela Nestlé entre o valor de venda de suas cafeteiras e o lucro gerado pela venda contínua de cápsulas.

O que significa para o consumidor?

Do lado do consumidor que já está no mercado de cápsulas. Permanecer com as máquinas  da “geração passada” vai garantir uma flexibilidade maior de escolha entre marcas e flutuação de preços. Por outro lado, partir para uma das cafeteiras Vertuo permite explorar um novo método de extração e experimentar outros tipos de café enquanto mantém a praticidade de uma cafeteira de cápsulas. Cabe ao consumidor decidir qual rota enriquece mais sua experiência e combina com suas preferências.