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Climatizador ou Ventilador, qual devo usar?

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Climatizador ou Ventilador, qual devo usar?

Apesar do nome imponente, o climatizador raramente tem o poder de ajustar o "clima" de um espaço. Normalmente possui mais funções do que puramente ventilar, mas assim mesmo seu conceito de funcionamento limita muito o que pode entregar. 

Antes de entrar nos detalhes de qual usar e quando, vale entender rapidamente como funciona cada um dos sistemas. 

O ventilador é algo que já estamos bem familiarizados. Uma hélice circular, sucção de ar por trás, gerando vento na frente. Atualmente está virando moda aumentar o número de pás, até recentemente vi um ventilador com 14 pás! Independente disso, o funcionamento básico deles é o mesmo. Seu principal propósito é empurrar o máximo de ar possível para frente. 

O climatizador já é diferente na construção. Possui também um ventilador, mas raramente é com hélice circular. Os modelos mais comuns trabalham com um ventilador cilíndrico, que acaba empurrando vento através de várias pás pequenas. 

Ventilador do climatizador

Do jeito que é construído, ainda empurra ar para frente, contempla uma área muito menor que o ventilador em proporção ao tamanho da unidade. Normalmente  são produtos que têm velocidade e fluxo de vento menores que os ventiladores. 

A grande diferença do climatizador para o ventilador é sua capacidade de umidificar o ar durante a passagem dele pela unidade, e  ainda caso a água internamente esteja gelada, o ar até fica mais frio na saída. 

O conjunto é abastecido com alguns litros de água em um reservatório e, através de uma bomba, a água é despejada em uma espécie de colméia de celulose (um material orgânico altamente poroso como papelão), mantendo gotículas de água suspensas enquanto o ar passa. A imagem abaixo é a colméia de um climatizador da Elgin.

Filtro do climatizador

Há climatizadores que também podem aquecer, mas como nesse caso o princípio é o mesmo dos termoventiladores, vamos focar somente no resfriamento aqui.

Mas então ter um climatizador é basicamente um ventilador onde eu posso ainda resfriar o ambiente?

Sim e não. Mesmo colocando água gelada dentro do reservatório, a troca de calor da água do reservatório com o ambiente é muito alta, devido a recirculação contínua. Consequentemente, em questão de minutos a temperatura de entrada versus a de saída se iguala. Nos testes realizados na Harpyja com alguns climatizadores diferentes, com uma água em torno de 7°C no reservatório em um ambiente a 30°C, levou menos de 15 minutos para a temperatura de entrada ser quase igual a de saída. 

Gráfico de circulação de ar

Como a intenção não é ficar trocando a água a cada 10 minutos, qual é então a vantagem de usar o climatizador se a temperatura de entrada é igual a da saída? Sinceramente, em muitos casos não há vantagem, mas tudo depende do clima onde o produto é usado.

Conforto térmico

Baseado em estudos, tendemos a ter um conforto térmico em função da temperatura, umidade e vento presente em um local. Por sinal há até norma para determinar qual é o intervalo de conforto térmico em um escritório (NR-17).  

O gráfico abaixo foi obtido de um estudo na Índia envolvendo mais de 2500 votos em relação a conforto térmico em áreas cobertas, considerando temperatura, umidade e velocidade do vento. Apesar de ser um estudo feito em outro país com costumes diferentes, ainda assim há várias similaridades com nossos hábitos no Brasil.

Diagrama psicrométrico de temperatura

É baseado nesses dados que é possível enxergar a vantagem de usar o climatizador ou o ventilador. Quando lidando com temperaturas mais altas, mesmo com pouco vento presente no ambiente, o conforto é maior com umidade entre 50% a 80%. No gráfico acima há pontos mostrando todos os dados, mas fica mais claro que a concentração de pontos até com velocidades menores está nas umidades mais altas (área oval acinzentada no gráfico abaixo).

Diagrama psicrométrico de temperatura

Há um conforto também presente em umidades bem baixas, porém nessas situações nem é saudável pela qualidade do ar a ser respirado. Sendo assim, mesmo sem baixar a temperatura o climatizador terá mais chance de trazer conforto térmico.

Por outro lado, quando a umidade está alta demais também não há mais conforto térmico e aí usar o climatizador pode até piorar a sensação. Usando um climatizador em um ambiente que já está a 80%, em pouco tempo a umidade passará de 90%. Para esses locais vale mais ter um bom ventilador para circular o ar e evitar que a umidade suba demais.

Há muitas cidades que passam por épocas de clima seco, com umidade relativa do ar abaixo de 50%. Nesses lugares, ter um climatizador é benéfico para a saúde, garantindo uma umidade do ar mais alta. Agora  cidades litorâneas ou naturalmente úmidas como Curitiba, há somente períodos curtos do dia com a umidade abaixo de 70%. Nessas situações o climatizador pode até contribuir para aumento de bolor, fungos e mofos. É melhor evitar a geração de umidade a qualquer custo.

Filtro

Algo importante para citar dos climatizadores é o seu filtro natural gerado pela colméia na passagem de ar. 

Como o fluxo do vento precisa passar por essa peça porosa, é possível dizer que os climatizadores possuem um filtro de entrada. Vale somente lembrar que esse filtro está sendo molhado constantemente e essa água com pó e sujeira é recirculada durante o funcionamento do climatizador. Por isso, a troca da água do climatizador é importante para minimizar o acúmulo de sujeira do filtro.

Além do mais, é importante ressaltar que esse tipo de “filtro” precisa ter um período de vento sem recirculação de água para parcialmente secar antes de ser desligado. Dependendo do caso, deixar a peça úmida pode até gerar mofo e consequentemente piorar a qualidade do ar que passa por ele.  

Resumindo, o climatizador é um “ventilador” com alguns extras que podem ser benéficos para o usuário dependendo do clima onde ele vá utilizar. Vale botar na balança a sua preferência de conforto térmico para evitar de ficar com algo que te traga desconforto, ou pior: ambientes mofados onde um ventilador poderia te poupar dos problemas.


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Sobre o autor

Cirilo Cavalli é um engenheiro detalhista e criterioso. Passou mais de 10 anos desenvolvendo tecnologias e testes para eletrodomésticos ao redor do globo. Ele possui grande paixão pelo que faz e se preocupa em sempre trazer informação clara e útil utilizando dados para auxiliar seus leitores a tomarem as decisões mais adquadas para os produtos que buscam.

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