Desempenho e Funções
Conforto Sonoro
Design e Acabamento
Praticidade
Limpeza
Segurança
Outros Pontos
Pontos fortes
Pontos fracos
Estava na hora de trazer a avaliação de um liquidificador da KitchenAid. E nada melhor do que essa versão nova, onde finalmente deixaram o policarbonato e agora estão com jarras livres de Bisfenol A (BPA) em tritan.
A série K da KitchenAid está com dois modelos diferentes, o K150 e o K400. Esteticamente os produtos são similares, porém o K400 possui mais funcionalidades e garantia prolongada.
Abrindo a caixa, o conjunto já chamou a atenção pelo peso. Similar à batedeira planetária, o corpo é todo de aço pintado, com uma qualidade alta de pintura. O modelo testado aqui foi o vermelho, mas também é possível encontrar o produto em preto.
Possui corpo maior do que os típicos liquidificadores que já foram testados, até mesmo liquidificadores declarados com potências mais altas que esse KitchenAid.
O corpo é quase todo de metal pintado, com leves detalhes em plástico no encaixe da jarra e na base. As peças plásticas são pretas com ótima junção com o corpo e ótimo acabamento.
A jarra tem um desenho meio quadrado e a alça em uma de suas arestas. Quando acoplada ao corpo a alça fica a 45° da frente, muito prática de encaixar e soltar. É possível montá-la com a alça para a direita ou para a esquerda (agradando os canhotos e os destros).
O KitchenAid K400 também vem com uma alça emborrachada, diferente do K150, que só vem com a alça plástica lisa. Essa peça é facilmente removível para uma limpeza profunda.
Há marcações em duas das faces. Quando colocando para pegar com a mão direita a marcação é em “ounces” (onça, uma unidade de medida próxima de 30ml) e quando colocando a alça para a esquerda a marcação é em mililitros. É bem precisa a marcação, porém um tanto difícil de ver.
Na base da jarra há 4 facas grandes, muito maiores do que normalmente estão nos liquidificadores do mercado. Não é possível remover as lâminas da jarra.
Recentemente (novembro de 2023) a KitchenAid começou a disponibilizar a venda de Jarras de Vidro em seu site. É possível adquirir à parte ou com o modelo completo. A troca da jarra afeta alguns pontos do produto, os resultados e conclusões deste acessório estão descritos no final da avaliação.
A tampa é de plástico mole (polipropileno) com uma borracha coinjetada para fazer a vedação.
A peça veste na jarra com facilidade e veda 100% quando o produto está batendo. Não há posições com abertura para poder servir líquidos com a tampa.
No centro há uma tampa dosadora, também de polipropileno. É uma peça bem feita, mas esteticamente não agradou. Há marcação de volume dentro e fora, mas seria melhor se ela fosse pelo menos translúcida. Esteticamente, a tampa deixou a desejar. Até lembra uma tampa de óleo de carro.
O acoplamento da jarra no motor é feito através de uma engrenagem metálica em um invólucro de plástico extremamente rígido (provavelmente POM ou nylon). É muito prático encaixar a jarra e basta levantá-la para desconectar. Para evitar ruído e desgaste entre o contato da jarra com o corpo, a KitchenAid fez essa área emborrachada. Está muito bem feita, se não prestar muita atenção, parece que toda a área é feita de plástico.
Assim que a jarra é desconectada do corpo o motor desliga automaticamente. Há um sensor magnético que detecta a presença da jarra. Sendo assim, sem jarra o conjunto não liga.
O seletor impressiona não somente visualmente como também na experiência de uso. É uma peça de metal muito atraente, com prata fosco e lustroso, elegante.
A rotação do seletor é uma experiência por si só, agradável de girar e com presença. Ao mesmo tempo é muito suave! Há microposições parecendo quase um seletor de posições infinitas.
Na interface há marcação de 5 níveis de velocidade, e após isso existem algumas rotinas pré definidas:
Para partir é necessário apertar um botão presente do lado direito do seletor. É possível também usá-lo para parar caso não queira remover a jarra. Há um LED ao redor do botão que indica para o usuário quando o produto está pronto para funcionar. É um LED sutil e agradável que fica pulsando. Caso haja algum problema elétrico com o motor a comunicação com o usuário é através desse LED gerando pulsos diferentes do padrão.
Antes de entrarmos nos detalhes dos resultados, vale mencionar um pouco do funcionamento deste produto. É um motor diferente dos típicos em liquidificadores, não tem escovas e com isso é menos ruidoso quando girando. Tem um controle eletrônico que consegue ajustar a velocidade com extrema precisão. Apesar de ter 5 posições marcadas, há diversas posições entre um número e a velocidade muda em cada pequeno movimento do seletor. É admirável do ponto de vista tecnológico.
A variação de velocidade é algo que também chamou a atenção. O produto na velocidade mínima chega a velocidades similares a processadores. Tipicamente os liquidificadores tem uma variação em torno de 30% da máxima para a mínima. Aqui é em torno de 80%! Isso traz uma versatilidade para o produto dando mais controle para o usuário acertar a consistência do alimento que está batendo.
Mas e aí, com toda essa tecnologia, o produto bate mesmo?
Nos testes para fazer limonada com um limão inteiro, batendo por 30 segundos não sobrou nada de casca na peneira. NADA! Esse teste foi feito para que sempre sobre um pouco na peneira para podermos comparar os produtos. Até mesmo o Blendtec, um liquidificador com tecnologia de motor similar, chegou a deixar um pouco de casca.
Este KitchenAid ultrapassou o limite do teste. Colocamos limões maiores que os padrão e ele também não deixou nada. As facas são realmente muito eficientes no corte de frutas. É até melhor nem usar a velocidade máxima por tanto tempo, pois nesse processo o que acaba acontecendo é o aquecimento do líquido dentro. Para bater limões com casca é possível bater por somente 20 segundos na velocidade máxima e o resultado já estará como os dos melhores liquidificadores já testados.
É impressionante o quanto silencioso esse liquidificador é. A norma do INMETRO é muito simples para representar a amplitude sonora dos liquidificadores, e para esse tipo de produto isso fica mais evidente ainda. Ela somente mede a velocidade máxima e com isso julga este liquidificador com ruído próximo a muitos modelos simples do mercado.
A questão é que na velocidade máxima este KitchenAid é muito potente, e muitas vezes nem é necessário tais velocidades. Fizemos teste na velocidade mínima para fazer limonada com um limão inteiro e o resultado foi comparável com liquidificadores que já testamos no passado. Nessa posição a amplitude sonora é em torno de 50 dBA. Para ter noção de ruído, isso é menos barulhento que uma air fryer! Chega a ser 20 dBA abaixo dos outros liquidificadores testados na velocidade mínima. Para os curiosos segue abaixo algumas gravações com o KitchenAid K400 em vazio e com água (velocidade 1 e velocidade 5).
Quando batendo bolos, o KitchenAid K400 bateu com facilidade. Neste caso é até importante não usar velocidades altas, pois com massa viscosa a força das facas acaba criando uma bolha de ar no fundo, movimentando pouco e gerando consumos altos de potência. Fazendo isso com uma massa viscosa, foi medido mais de 1500W de potência, sendo que o motor tem por volta de 1200W. O produto funcionou normalmente, sem reclamar, mas deu para perceber o aquecimento do motor aqui. Para esse tipo de massa, na velocidade 1 o resultado já é bom.
Batendo grãos o K400 também se saiu melhor do que todos os liquidificadores simples que já testamos. Somente perde para o Blendtec, que atualmente não se encontra para vender no Brasil.
Algo que batemos nele que tipicamente não fazemos em liquidificador devido à sensibilidade do eixo das lâminas, foi pasta de amendoim. Por sinal, isso é importante trazer à tona. Este liquidificador não possui limite de tempo de uso contínuo. Ele para sozinho depois de 3 minutos batendo, mas a KitchenAid não coloca restrição se precisar bater mais para acertar o ponto.
Batendo amendoim o produto precisa de uma quantidade razoável para transformar em pasta (mais de 300 gramas). Se for pouco ele cria farofa. O resultado foi ótimo depois de muitos minutos batendo. Exige mais trabalho do que preparando em um processador, mas depois de atingir consistência de pasta, é possível colocar em velocidades altas e dar uma consistência líquida que somente processadores muito potentes conseguem entregar.
Batendo gelo o produto não teve dificuldade alguma para picar os cubos. Somente é bom ter uma boa quantidade, pois com pouco rapidamente tudo vai para as paredes e aí é necessário de espátula para ficar trazendo os pedaços de volta para as lâminas.
O produto tem um consumo quando ligado na tomada e não está em funcionamento. Essa “standby power” gira em torno de 0,4W.
O programa para fazer a limpeza da jarra ajuda bastante. Quando batendo alimentos pouco viscosos ou com pouca gordura, somente usando o ciclo foi o bastante para limpar a jarra e a tampa.
Porém quando é necessário uma limpeza mais profunda, aí faz falta não poder remover a base da jarra e ter um acesso completo às lâminas.
As nervuras internas da jarra são largas e facilita limpar a área interna com uma esponja lisa.
A tampa é um pouco chata de limpar internamente devido ao rebaixo para acomodar a tampa dosadora. A borracha coinjetada na tampa também acaba sendo chatinha de limpar. Vale uma escova para entrar nas frestas.
Apesar do Tritan ser um plástico inquebrável, ele ainda risca com facilidade. Com o tempo, a tendência é a jarra ir ficando translúcida e perdendo a aparência de vidro.
A área externa do conjunto é simples de limpar. A pintura é de ótima qualidade e somente um pano úmido na maioria dos casos já basta. o seletor é de metal e também limpa com facilidade. Somente a fita metálica que cerca o corpo tem frestas que acumulam pó e o anel cromado ao redor do botão pode ser potencial para acúmulo de sujeira no futuro.
A base do liquidificador KitchenAid K400 é quase toda de borracha. Somando com o peso da unidade (5,95 kg) é um produto que praticamente gruda na bancada. O conjunto fica super estável em uma superfície plana.
O detector de presença da jarra garante uma segurança do usuário não encostar no eixo. O botão de acionamento também garante uma segurança maior para o produto não partir mesmo que ligado na tomada com o seletor em alguma posição de funcionamento.
As lâminas apesar de afiadas não são pontiagudas cortantes. Há pontas, mas não fura se encostar. Assim mesmo vale cuidar quando lavando internamente, pois uma das pontas aponta para cima.
O cabo de alimentação é de boa qualidade, mas faltou um alívio próximo ao corpo. Também poderia ser um pouco mais comprido, pois não chega nem a 1 metro de comprimento. Como em 127V é um plug de 20A, seria bom um cabo mais longo para evitar extensões. Por sinal, poderiam adotar o comprimento de cabo da batedeira planetária que tem mais de 1,3 metros de comprimento .
Algo importante para citar é o tempo de garantia do K400. A garantia praticamente é limitada ao motor e eletrônica interna, mas assim mesmo são oferecidos 5 anos de garantia pelo fabricante desde a data da compra do liquidificador.
Já existem vários acessórios para o KitchenAid K400 fora do Brasil, porém aqui ainda não há nada oficial aparecendo no site da empresa no país. O manual cita a jarra de vidro e no final de 2023 a marca começou a disponibilizá-la para venda, talvez pela aderência deste modelo pelos brasileiros.
A KitchenAid impressionou com o K400, entregando um produto esteticamente agradável, com jarra e corpo robustos, e um desempenho excelente, deixando os outros 40 liquidificadores já testados distantes na entrega. Somando com os 5 anos de garantia e um controle de velocidade extremamente versátil, o K400 está no topo da lista de liquidificadores até o momento, e pelo que já vimos até o momento, não será fácil tirá-lo dessa posição.
Em 2023 a KitchenAid lançou uma jarra de vidro como acessório para encaixar neste K400. É possível também encontrar uma versão completa dele na cor do ano. Infelizmente não estão vendendo a versão com jarra de vidro em outras cores ainda.
Testamos a jarra neste K400 avaliado e foi possível ver várias diferenças, tanto estéticos como de desempenho. A jarra de vidro tem um tamanho similar a plástica, mas internamente pela espessura do vidro acaba tendo um volume menor. Ela é declarada com 1,4 Litros de volume, mas nos testes como a vedação da tampa é ótima, acabou atingindo 1,6 Litros de capacidade.
Fora as leves diferenças de tamanho, há variação na ergonomia, a alça da jarra de vidro é continua, sem área emborrachada. Além disso, ela chega a pesar mais que o dobro da jarra de plástico, quase dois quilos.
A tampa possui a mesma vedação da tampa de plástico. É meio chata de remover, mas a aba exposta ajuda a empurrar a tampa para cima.
As diferenças de tamanho e o atrito das paredes afetam os resultados dos testes. Analisando de uma maneira geral, a jarra de vidro conseguiu cortar ainda mais que a jarra de plástico.
Nos testes com limão o resultado foi muito similar. Batendo por 30 segundos, basicamente tudo é cortado em pedaços muito pequenos, chegam a passar tudo pela peneira.
No teste de grãos o resultado foi ótimo e 20% superior à jarra de plástico.
Fazendo bolo, a movimentação também foi ótima. Há uma demanda de potência consideravelmente superior à jarra de plástico. Pelas potências levantadas em vários testes é possível que o mecanismo do eixo das lâminas seja um pouco mais pesado e consequentemente acaba exigindo mais força do motor. Sendo assim, vale deixar em velocidades mais baixas quando batendo muitos ingredientes viscosos. Chegamos a ver a unidade alcançar seu pico de potência quando batendo um bolo de cenoura grande.
Outro efeito do mecanismo do eixo é o ruído. Este acoplamento gera mais barulho tanto em velocidades baixas quanto altas. Além disso há uma leve vibração no processo, que não é tão evidente na versão plástica.
Para muitos a grande vantagem de uma jarra de vidro está na higiene do aparelho. A limpeza completa é um desejo de muitos que lidam com liquidificadores. Infelizmente essa jarra de vidro limita a higiene, pois não é possível remover a base deste liquidificador.
Toda a limpeza do fundo será muito similar ao trabalho feito na jarra plástica, só que mais chato. O fundo da jarra de vidro é feito de plástico, porém menos uniforme e mais estreito que a outra jarra.
Fora esses detalhes, pode-se dizer o processo de limpeza é similar em ambas jarras.
Para aqueles que estavam esperando uma jarra de vidro no K400, fica ainda a dúvida se a solução atendeu. Agradaram os resultados de desempenho, com exceção ao aumento de ruído, mas uma jarra de vidro sem base removível é limitada. Pergunto a vocês, com esses dados, jarra de vidro ou plástico?
